A mulher na política, sexo forte e reflexões sobre o nosso dia

 

 

Como única mulher eleita no último pleito, no dia de hoje, data em que o mundo se volta para nós e o meu primeiro Dia da Mulher como deputada estadual proponho uma reflexão sobre a participação feminina na política. Mesmo com uma cota obrigatória de 30% de mulheres na disputa eleitoral, temos tido desempenho pífio perante as urnas. E porquê? Simplesmente por que não competimos em condições de igualdade com os homens.

Somos mães, donas de casa, chefes de família e muitas vezes a provedora do lar. Neste sentido, a maioria de nós simplesmente não têm condições deixar tudo para entrar numa disputa por votos. De abandonar seus lares, empregos, filhos e marido para enfrentar a exaustiva maratona de uma campanha. Isso tudo porque o chamado terceiro turno faz sim parte da rotina da maioria de nós.

A preocupação acerca da participação feminina na política não é só minha, vem sendo alvo por parte da nação mesmo com uma presidenta da República. Tanto é verdade que contamos com imposições da legislação eleitoral no sentido de que as propagandas partidárias devam fomentar a entrada de nós, mulheres, no cenário político. Mas, apesar de todo esse ‘incentivo’, acredito que as mulheres não têm achado vantajoso ir para disputa. Acabam como candidatas tampão, só para preenchimento de cota partidária.

O ideal no meu ponto de vista era que a legislação fosse revista e os parlamentos contassem com uma cota mínima de vagas destinadas às mulheres. Assim teríamos um incentivo a mais e mais condições de disputa.

No dia de hoje, como única mulher no parlamento, gostaria de saudar a todas as mulheres na memória de Carlota Pereira de Queiroz, médica paulista e primeira deputada eleita no país para compor, à época, a Assembleia Constituinte para a edição da então futura Constituição de 1934.

Não poderia deixar de citar neste dia mulheres mato-grossenses à frente do tempo delas como Lígia Borges, que nasceu em Bauxí, no Distrito de Rosário Oeste e que se tornou a primeira prefeita eleita de Mato Grosso entre os anos 1947 até 1949, para governar Rosário. Como não lembrar Serys Marly? Senadora por Mato Grosso que foi a primeira mulher na história a assumir a presidência do Senado, mesmo que interinamente.

Sei bem que apesar de sermos a maioria no ensino superior, o reconhecimento de experiência não decai tão rapidamente para as mulheres quanto para os homens, vê-se uma diferença salarial ainda gritante. Os índices de violência de gênero e de gravidez entre as adolescentes também tendem a ser altos em Mato Grosso, indicando que as mulheres têm poucas condições de fazer as próprias escolhas e alcançar seus objetivos.

Por isso, acredito que seja necessária a criação de políticas públicas que foquem em elementos para ajudar a aumentar o poder econômico das mulheres, como: ampliar as oportunidades no mercado de trabalho, aumentar a capacidade delas de traçar metas e alcançá-las e apoiar cada vez mais os lares pobres chefiados apenas pelas mulheres.

Vale lembrar que somos nós mulheres o para-raio de todos a mazelas que assolam a sociedade. Se a economia nacional vai mal, somos nós as primeiras a sentir quando vamos ao supermercado. Se a educação, saúde e segurança vão mal, o reflexo é nossa preocupação com o presente e o futuro de nossos filhos. Por tudo isso, pela força e senso de realidade que temos, estamos gabaritadas para sermos o que quisermos e sonharmos ser.

Neste sentido, se eu puder deixar um recado a todas as mulheres neste dia Internacional da Mulher é: nunca se tolham, nunca se subestimem. Nós podemos tudo! Somos o sexo forte, fortes como descreve esse trecho do poema da capixaba Elisa Lucinda:

“Moço, cuidado com ela!

Há que se ter cautela com esta gente que menstrua…

Imagine uma cachoeira às avessas: Cada ato que faz, o corpo confessa.

Cuidado, moço

às vezes parece erva, parece hera

cuidado com essa gente que gera

essa gente que se metamorfoseia

metade legível, metade sereia.”

 

* Janaina Riva é bacharel em Direito, mãe de dois filhos e única deputada estadual eleita por Mato Grosso nesta legislatura com 48.171 votos.

 

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