Ao longo das últimas três legislaturas, tenho tido a responsabilidade de servir como a única deputada estadual eleita de Mato Grosso, salvo nos poucos períodos em que alguma suplente assumiu a cadeira dos titulares. Esta jornada tem sido marcada por desafios, conquistas e, acima de tudo, uma profunda compreensão da importância da representatividade feminina nos espaços de poder, especialmente na política.
Com chegada do Dia Internacional da Mulher, muito se fala em representatividade feminina nos espaços de poder, mas a presença de mulheres na política é mais do que uma mera questão de equilíbrio de gênero; é uma necessidade imperativa para a construção de sociedades verdadeiramente inclusivas e democráticas. As mulheres compõem metade da população, e é fundamental que suas vozes sejam ouvidas e representadas nas instâncias de tomada de decisão. Quando as mulheres são excluídas ou sub-representadas na política, todo o espectro de perspectivas e necessidades da sociedade é prejudicado.
Na prática o efeito cascata da falta de representatividade feminina nos espaços de poder se reflete na diferença salarial que o mercado de trabalho nos impõe, na ausência de elaboração de políticas públicas voltadas à defesa e interesses da mulher, bem como no aumento de todos os tipos de violência contra as mulheres.
Uma pesquisa intitulada “Mercado de trabalho formal em Mato Grosso: recorte em função dos sexos masculino e feminino” desenvolvida por pesquisadores da UFMT mostra que mulheres recebem, em média, R$ 600 a menos que os homens no estado. Além disso, aponta também que em 78% dos municípios de Mato Grosso, os salários masculinos superam os femininos.
Segundo a pesquisa, os salários médios masculinos superam os salários médios femininos, mesmo ambos os grupos apresentando escolaridade similar. A pesquisa também aponta que, em média, a escolaridade das mulheres é maior no mercado de trabalho mato-grossense. Os salários médios masculinos apresentaram-se 20% superior aos femininos, com destaque para os cargos de menor escolaridade. Porém, o mais assustador é que os homens ganham salário superior em 81% das ocupações e as mulheres em apenas 18%.
Mas o que isso tem a ver com representatividade? É que a diversidade de experiências, pontos de vista e prioridades que as mulheres trazem para a mesa política é inestimável. A representação feminina enriquece o debate político, levando em consideração questões que muitas vezes são negligenciadas ou minimizadas, como a igualdade de gênero, a violência doméstica, bem como a diferença salaria entre homens e mulheres, entre outros temas cruciais para o avanço de uma sociedade justa e igualitária.
Além disso, a presença de mulheres na política é fundamental para a implementação de políticas públicas inclusivas e abrangentes. As mulheres têm uma compreensão única das necessidades e desafios enfrentados por suas comunidades e estão bem-posicionadas para advogar por medidas que promovam o bem-estar de todos as pessoas, independentemente de gênero, raça, classe social ou origem.
É crucial que continuemos a defender e promover a participação das mulheres na política, incentivando sua candidatura, garantindo igualdade de acesso a recursos e oportunidades, e desafiando os estereótipos de gênero que frequentemente impedem as mulheres de buscar cargos eletivos.
Em última análise, a luta pela igualdade de gênero na política e nos postos de tomada de decisões não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma questão de eficácia e democracia. Quando as mulheres são empoderadas e representadas, toda a sociedade se beneficia. É hora de reconhecer plenamente o valor da representatividade feminina e trabalhar juntos para construir um futuro mais inclusivo e equitativo para todos. Feliz Dia da Mulher!
*Janaina Riva é bacharel em Direito, deputada estadual em Mato Grosso em seu terceiro mandato e duas vezes eleita com a maior votação dentre os deputados estaduais