ARTIGO: OS DOIS ANOS DO GOVERNO TAQUES

Numa análise crítica aos dois primeiros anos do governo Taques poderia abordar diversos aspectos. A começar pelo caos na saúde pública, com os atrasos nos repasses aos municípios ou pelo aumento da sensação de insegurança que percebemos em Mato Grosso, inclusive com o relatório da conceituada Macroplan que apontou nosso Estado como o mais perigoso pra se viver no Brasil. Também poderia lembrar os episódios de corrupção na Seduc, que indicam a prática do caixa 2 na campanha do governador. No entanto, decidi fazer minha análise sobre um dos piores indicadores na atual gestão: a atração de investimentos em Mato Grosso.

Se separarmos o mundo do agronegócio, que possui uma dinâmica própria, sempre atraindo investimentos e também falências (como o grupo Pupim), eu não consigo me lembrar de uma única grande empresa que tenha se instalado em Mato Grosso durante o período Taques.  

Ao contrário vemos diversas empresas falindo ou indo embora. Na verdade tem segmentos econômicos inteiros que estão quase desaparecendo, como o do arroz que está acabando em todo Estado (Na última semana de 2016 a tradicional beneficiadora que produz o “Tio Ico” fechou as portas em Várzea Grande demitindo 300 trabalhadores) e empresas de outros segmentos têm fechado as portas, como a Santana Têxtil em Rondonópolis, os diversos frigoríficos, a Bimetal que está em estado falimentar,ou aquelas que estão se deslocado para outros estados, como uma empresa de borracha do setor industrial em Cuiabá que está indo para Goiás. E o setor atacadista então? Semanalmente recebo representantes deste segmento em meu gabinete, todos em pânico com os decretos e portarias do governo do Estado que têm inviabilizado e retirado de Mato Grosso os atacados.

Além das grandes empresas, o ambiente urbano de nossas cidades está convivendo com o fechamento de diversas empresas tradicionais, como O Chorinho, Ducas7 ou Tom Chopim em Cuiabá, e as filas de desemprego acrescentam um tom ainda mais sombrio não só a nossa capital como por todo interior.

Como consequência disso, os números nos mostram que o desemprego em Mato Grosso no último mês do governo passado era 4% e agora está em 9%, segundo o IBGE, e o rendimento médio do trabalhador caiu 5% em dois anos, quando no mínimo deveria crescer pelo menos 15%, que foi a inflação do período. Por outro lado os dados sobre a criminalidade, divulgadas pelo próprio governo, apontam um crescimento alarmante.

Mesmo que entendamos que o país está em crise conjuntural, o governo estadual não pode ficar de braços cruzados diante dos quadros de agravamento social. É preciso criar um ambiente tributário saudável e outras ações para manter as empresas que aqui estão e atrair outras. Mas o que sentimos deste governo Taques é a falta de estratégia, de ousadia e de um plano de desenvolvimento para Mato Grosso, o que acaba tirando até a autoestima da população e afugentando os investimentos.

 

* Janaina Riva é bacharel em Direito e deputada estadual

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