Em um desabafo de mãe durante a sessão ordinária da manhã desta quarta-feira (24.11) a deputada estadual Janaina Riva (MDB) lamentou o rumo que a votação do projeto de lei que prevê a criação do conselho estadual de defesa LGBTQIA+ tem tomado. Segundo a parlamentar a tendência é que não haja voto suficiente para aprovação por agora do PL e que por isso deve ser retirado de pauta, por uma questão ideológica.
Janaina disse que se coloca no lugar das mães que temem pela vida dos seus filhos LGBTQIA+ por falta de políticas públicas eficientes que os protejam e garantam a eles acesso à saúde. “Quando eu debato qualquer assunto aqui na Assembleia, seja na tribuna ou nas comissões, para mim é diferente porque eu sou mãe e porque não importa o que o meu filho seja ou o que ele queira ser, eu jamais vou abandona-lo. Eu sei que aqui também têm homens dignos e que não fazem isso, mas tem muitos que fazem e fazem até sem perceber. Nós não escolhemos como nossos filhos serão. Eu vejo o desespero das mães LGBTs por que já vi que o conselho não será votado e se for, vai ser reprovado. Eu já vi isso e quando vejo o desespero dessas mães eu penso: meu Deus, são mães como eu”, desabafou.
A deputada foi além, ao questionar os demais parlamentares o que fariam se fosse o filho deles e até onde iriam por eles em perigo iminente. “A mãe de um negro não é como a mãe de um branco. O filho dela sai de casa e ela tem que se preocupar se esse filho vai voltar. Em como ele vai ser abordado pela polícia. Por que se ele estiver em um carro bom, pode ter certeza que vai ser parado e se estiver de moto, também. O LGBT é da mesma forma. Quando ele sai de dentro de uma boate, por exemplo, pode acontecer com foi com aquele servidor público que recentemente foi espancado por ser LGBT. Então, eu me coloco no lugar dessas mães e lamento muito que as coisas estejam caminhando para retirada da pauta ou para não aprovação”, disparou.
A parlamentar explicou ainda que mesmo sem o conselho, os recursos destinados à redução da violência contra LGBTs, para combate ao preconceito e redução da desigualdade social vão continuar existindo, a diferença é que nenhum representante vai ser consultado sobre as principais necessidades e como esses recursos serão aplicados. Segundo Janaina, a secretaria de Assistência Social possui recursos específicos para promoção da igualdade racial, para combate ao preconceito, para empoderamento feminino e alertou aos deputados que têm procurado ‘enterrar’ o assunto, que evitar falar dele e tratar o assunto como tabu, só desperta ainda mais a curiosidade dentro dos lares.
“Dentro da minha casa eu falo com os meus filhos sobre o assunto e converso com eles. Se vocês conversarem com os filhos de vocês vão ver as informações as quais eles já têm acesso. Eu aconselho a vocês que orientem seus filhos, por que a classificação cristã nossa não é em cima da nossa orientação sexual. A nossa classificação enquanto cristãos nada tem a ver com nossas escolhas, opções e orientações sexuais. Não é isso que nos torna mais ou menos cristãos. Volto a falar como mãe, não é colocando seus filhos em uma bolha que eles serão poupados e não terão acesso às drogas, por exemplo, ou não saberão, serão ou terão contato com LGBTs. Conversem com seus filhos”, finalizou.
Fonte:Laura Petraglia/Assessoria de Comunicação