Em reunião realizada com lideranças, prefeitos e vereadores do PSD na manhã desta sexta-feira (25.09), em Cuiabá, a deputada estadual Janaina Riva expôs o quão delicada será a permanência dela da sigla caso o vice-governador Carlos Fávaro (PP) migre para a agremiação e assuma a presidência do PSD, já que desde o início do mandato dela a sua postura é de oposição ao governo do estado. A fala da maioria dos presentes se deu no sentido de migrar com a parlamentar para onde ela for, ou, mesmo que permaneçam no PSD continuam na base de sustentação dela nos municípios.
“É de mesmo de emocionar. Por que vi que tudo que construímos politicamente é muito sólido. Não tive um início de mandato fácil por todas das questões familiares que passei, mas ouvir nossas lideranças dizendo estarão comigo onde eu estiver é emocionante. Vejo que muitos estão insatisfeitos com os rumos que o PSD tomou, da unilateralidade. Nós temos 280 vereadores e eles quase nunca são ouvidos, não são consultados nas decisões. Eu expus a eles que tenho convites do PMDB, do PR, do Solidariedade e do PDT para me filiar mas que por enquanto isso é apenas conjectura. Só se concretiza se o vice-governador assumir mesmo a presidência da sigla e o PSD passar a compor a base do governador Pedro Taques. Neste caso, darei entrada com uma ação declaratória de Justa Causa, pedindo ao TRE para deixar o partido”, explicou.
Compareceram à reunião cerca de 40 pessoas entre prefeitos e vereadores de 25 municípios diferentes. Janaina ouviu cada um individualmente e explicou que mesmo se tratando de apenas uma hipótese, o PMDB é sigla que mais chama a atenção dela no momento justamente por estar na base de sustentação do governo federal e pela oportunidade de poder ajudar os municípios junto na busca de recursos junto aos ministérios.
“O que eu vejo hoje é que independente do partido que venha governar o Brasil daqui pra frente nenhum vai fazer sem o PMDB porque eles têm a maior bancada na Câmara. Além disso, tenho conversado bastante com o Carlos Bezerra e ele tem se mostrado bastante maleável justamente na composição desses diretórios nos municípios onde fui mais votada para que eu possa comportar os meus”, afirmou.
Às lideranças Janaina fez duras críticas ao enfraquecimento da Poder Legislativo e às submissão que a atual presidência do Legislativo têm estado com relação aos demais Poderes e disse que o falso moralismo impera na Assembleia Legislativa. “O Poder Legislativo está enfraquecido, cada vez mais murcho e submisso aos outros poderes. Ontem eu vi por exemplo aquela questão da exoneração dos servidores do Legislativo que foram citados na operação do Gaeco e fiquei me perguntando se os deputados que respondem a processos também, ou que são investigados pelo Ministério Público e apoiaram essa ação esdrúxula vão pedir renúncia também do mandato? Na minha opinião o princípio da presunção da inocência precisa ser respeitado. Está na Constituição que ninguém pode ser considerado culpado enquanto não for julgado e condenado”, disparou.
Para Janaina, todos os 24 deputados são solidários à corrupção, se ela existir dentro do Poder Legislativo, quando compactuam e são coniventes com a mesa diretora e com a presidência se não denunciam essas irregularidades. “Eu não estava aqui, essas denúncias e investigações dessa ultima operação que citei são referentes à legislatura passada, mas eu reitero: quem compactua com corrupção, corrupto é também. Eu vejo um presidente que é tão moralista que me parece que nunca foi deputado, que ele não estava lá enquanto a Assembleia funcionava. Que na gestão que ele gosta de chamar de era Riva, parece que ele não era deputado. Eu nunca vi um requerimento desse presidente de pedido de informação na Assembleia”, disse.
Janaina aproveitou para afirmar que não agirá da mesma maneira e que irá encaminhar à Polícia Federal e ao Ministério Público todas as denúncias que têm chegado ao seu gabinete referentes à atual mesa diretora. “Todas as denúncias que chegarem até mim vou dar publicidade e encaminhar para investigação. Sinceramente eu espero que o MP apure tudo com a mesma austeridade, com mesma severidade o que está sendo feito pelos demais parlamentares, algumas coisas já até saíram na mídia de atas de adesão, empresas de fachada. Posteriormente não quero ser acusada, nem ser conivente com nenhum ato ilícito praticado dentro da Assembleia”, disparou.
A parlamentar encerrou a reunião com o compromisso de continuar ouvindo e se reunindo a base permanentemente.